Michael Sendivogius (1566 - 1636)

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007
Michał Sędziwój foi um alquimista, filósofo e médico polonês. Discípulo de Alexander Sethon.

Ele foi um dos poucos alquimistas que supostamente conhecia o segredo da Pedra filosofal. E foi feito prisioneiro diversas vezes por príncipes alemães, que o torturaram a fim de que contasse sobre seus segredos.

Seus trabalhos e livros, sendo o mais famoso deles 'Uma Nova Luz de Alquimia' (original em latim publicado em 1605), foram escritos na linguagem dos alquimistas, na realidade um código secreto que era compreensível apenas por outros alquimistas. Além de uma exposição relativamente clara da teoria de Sendivogius sobre a existência de um 'alimento da vida' no ar (isto é, do oxigênio), seus livros continham várias teorias científicas, pseudocientíficas e filosóficas e foram repetidamente traduzidas e divulgadas por pessoas ilustres tais como Isaac Newton no século XVIII.

Sendivogius é citado in Ennoea.Ver Manget, v. 2, p. 463: Novum Lumen Chemicum (doze tratados), Dialogus Mercurii, Alchemistae et Naturae, Tractatus de Sulphuris e Chemia; Musaeum Hermeticum Reformatum: Novum lumen chemicum, Aenigma philosophicum, Dialogus Mercurii et Alchymistae et Naturae e Novi luminis tractatus alter de sulphure.

Sua obra mais famosa foi Novum lumen chymicum (1604); o presente trabalho se baseia na tradução inglesa de 1674, A New light of alchymy. Nos doze tratados que constituem a primeira parte desse livro, Sendivogius discute o que chamaríamos de uma ‘teoria da matéria’. Seu objetivo seria ajudar filósofos ou alquimistas a entender o segredo da pedra filosofal — cuja preparação e virtudes também são explicadas, ainda que obscuramente.

Sendivogius afirmava que todos os orpos proviriam de ‘sementes’. Assim, caso a ‘semente’ contida em um pedaço de ouro pudesse germinar adequadamente, teríamos a multiplicação do ouro. Para ele, “o ouro vulgar é como uma erva sem semente; quando ele amadurece, produz a semente”. Contudo, o ouro normalmente não consegue amadurecer devido à ‘crueza’ do ar, que não tem o ‘calor’ suficiente para levar adiante o processo.

Ele fez uma analogia: existem laranjeiras na Polônia que florescem e dão frutos porque nesse país há calor suficiente; mas se forem plantadas em lugares mais frios nunca darão frutos. Assim, para que o ouro também dê frutos e sementes é preciso que o ‘artífice’ — por meio do fogo — ajude a natureza naquilo que ela não é capaz de fazer sozinha (Sendivogius, 1674, p. 90).

O primeiro passo para permitir o amadurecimento do ouro seria ‘abrir seus poros’, dissolvendo-o com uma ‘água’ muito especial: ‘a água que não molha as mãos’. Dez partes dela deveriam ser misturadas a uma parte de ‘ouro vivo’, e a mistura aquecida até a ‘resolução’ do corpo do ouro, obtendo-se a ‘umidade radical’ dos metais. A este produto se deveria adi- cionar ‘água de salitre’ e aquecer por um longo período — quando se observariam mudanças de cor. Então — quando a parte líquida da mistura fosse capaz de "tingir" um pedaço de ferro — se deveria adicionar o ‘leite da terra’, um líquido capaz de ‘calcinar ouro’. Sendivogius concluiu: “Até aqui chegou minha experiência; nada mais posso fazer, nada mais encontrei” — estando finalizada a preparação da
pedra filosofal.

Outra passagem de Novum lumen chymicum leva a crer que a expressão ‘ouro vivo’ se refere ao ouro antes de ser fundido e trabalhado pelo metalurgista (Sendivo-gius, 1674, p. 10)

O passo seguinte da receita de Sendivogius fala na adição de ‘água de salitre’. - O salitre de
Sendivogius corresponde ao que hoje chamamos de oxigênio.

Após
um período prolongado de aquecimento nas condições que descrevemos, é possível que o ouro se solubilize, ao menos em parte. É claro que a solução assim obtida seria capaz de ‘tingir’ o ferro e outros metais — pela deposição de ouro metálico em sua superfície. O último passo menciona a adição de uma ‘água’ capaz de ‘calcinar o ouro’ — que poderia ser a ‘água-régia’, cuja preparação,
segundo Bugaj, Sendi-vogius também conhecia.

Um ponto fundamental na filosofia de Sendivogius era sua crença numa analogia entre o macrocosmo (o Universo como um todo) e o microcosmo (o ser humano) — um tema então mui-
to comum, cuja origem remonta à Antiguidade, e que foi de extrema importância na obra de Paracelso (Pagel,1982, p. 214-215), um dos autores mais influentes sobre Sendivogius. As partes do Universo seriam interligadas, e as analogias e simetrias poderiam ser observadas em todo lugar. Existiria, por exemplo, uma simetria entre o Sol e o ‘fogo central’ residente no interior da
Terra:

“... o Sol é o centro entre as esferas dos planetas, e a partir deste centro dos céus, [o Sol] irradia seu calor para baixo, por meio de seu movimento. Assim também no centro da Terra há o sol da Terra, que devido a seu movimento perpétuo envia seu calor, ou raios, para cima, rumo à superfície da Terra.” (Sendivogius, 1674, p. 33)

Essa simetria seria fundamental para a geração dos seres. O calor e as emanações provenientes de cada um desses sóis, ao se encontrarem, gerariam a vida. Haveria também uma simetria entre o mar ligado ao sol central (isto é, as águas comuns da terra) e o mar ligado ao Sol celestial — que seria a atmosfera:

“Assim como o sol central tem o seu mar, e águas cruas, que são perceptíveis, também o Sol celestial tem o seu mar, e águas sutis, que não são perceptíveis.
Na superfície [da Terra] os raios de um se unem aos raios do outro e produzem flores e todas as outras coisas. Portanto, quando se formam as chuvas, estas recebem do ar aquele po- der da vida e o juntam com o salitre da terra...” (Sendivogius,1674, p. 44)

Sendivogius revela a existência de outra analogia fundamental: entre o ‘poder da vida’ residente no ar e governado pelo Sol celestial e o ‘salitre da terra’. Esse salitre seria capaz de atrair o ‘poder da vida’, assim como o ímã é capaz de atrair o ferro;
 
posted by Ana Maiz at 07:27, |

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